terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

HISTORIA DA OXUM

Diz o mito que Oxum era a mais bela e amada filha de Oxalá. Dona de beleza e meiguice sem iguais, a todos seduzia pela graça e inteligência. Oxum era também extremamente curiosa e apaixonada. E quando certa vez se apaixonou por um dos orixás, quis aprender com Orumilá, o melhor amigo de seu pai, a ver o futuro. Como o cargo de oliô (dono do segredo) não podia ser ocupado por uma mulher, Orumilá, já velho, recusou-se a ensinar o que sabia a Oxum.
Oxum então seduziu Exú, que não pôde resistir ao encanto de sua beleza e pediu-lhe que roubasse o jogo de Ikin (casca de coco de dendezeiro) de Orumilá. Para assegurar o seu empreendimento Oxum partiu para a floresta em busca de Iyami Oshoronga, as perigosas feiticeiras africanas, a fim de pedir também a elas que a ensinassem a ver o futuro. Como as Iyami desejavam provocar Exú há tempos, não ensinaram Oxum ver o futuro, pois sabiam que Exú já havia roubado os segredos de Orumilá, mas a fazer inúmeros feitiços em troca de que a cada um deles elas recebessem sua parte.
Tendo Exú conseguido roubar os segredos de Orumilá, o Deus da adivinhação se viu obrigado a partilhar com Oxum os segredos do oráculo e lhe entregou os 16 búzios com que até hoje às mulheres jogam. Oxum representa, assim a sabedoria e o poder feminino.
Em agradecimento a Exú, Oxum deu a Exú a honra de ser o primeiro orixá a ser louvado no jogo de búzios, e entrega a eles suas palavras para que as traga aos sacerdotes. Assim, Oxum é também a força da vidência feminina.
Mais tarde Oxum encontrou Oxóssi na mata e apaixonou-se por ele. A água dos rios a floresta tiveram então um filho, chamado Logun-Edé, a criança mais linda inteligente e rica que já existiu.
Apesar do seu amor por Oxóssi, numa das longas ausências destes, Oxum foi seduzida pela beleza e os presentes (Oxum adora presentes) e o poder de Xangó, irmão de Oxóssi, rompendo sua união com o Deus da floresta e da caça. Como Xangó não aceitava Logun-Edé em seu palácio. Oxum abandonou seu filho, usando como pretexto a curiosidade do menino, que um dia foi vê-la banhar-se no rio. Oxum pretendia abandona-la sozinha na floresta, mas o menino se esconde sob a saia de Iansã e partiu com Xangó tornando-se partir de então, sua esposa predileta e companheira cotidiana.



CARACTERISTICAS DOS FILHOS DE OXUM



Os filhos de Oxum preferem contornar habilmente um obstáculo a enfrentá-lo diretamente, por isso mesmo são muito persistente no que buscam, tendo objetivos fortemente delineados, chegando mesmo a ser incrivelmente teimoso e obstinado.
A imagem doce, que esconde uma determinação forte e uma ambição bastante marcante, colabora a tendência que os filhos de Oxum tem para engordar, gostam da vida social, das festas e dos prazeres em geral.
O sexo e importante para os filhos de Oxum. Eles tendem a ter uma vida sexual intensa e significativa, mas diferente dos filhos de Iansã e Ogum.
Os filhos de Oxum são mais discretos, pois assim apreciam o destaque social, temem os escândalos ou qualquer coisa que possa denegrir a imagem de inofensivos, bondosos, que constroem cautelosamente.
Na verdade os filhos de Oxum são narcisistas demais para gostarem muito de alguém que são eles mesmos, mas sua facilidade para a doçura, sensualidade e carinho pode fazer com que pareçam os seres mais apaixonados e dedicados do mundo.
Faz parte do tipo, uma certa preguiça coquete, uma ironia persistente porém discreta e na aparência, apenas inconseqüente.
Verger define:
O arquétipo de Oxum e o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras.   
O ossé da Oxum e realizado no sábado e seus objetos consistem numa sopeira de louça tampada onde se encontra o Óta que deve ser uma pedra retirada do fundo de um rio ou cachoeira e abebé que se trata de um leque de latão mergulhado em mel. 

Oxum
Deusa das águas doces (rios, fontes e lagos). É também deusa do ouro, da fecundidade, do jogo de búzios e do amor.

Elemento:
água
Personalidade: maternal e tranqüila
Símbolo: Abebé (leque espelhado)
Dia da semana: sábado
Colar: amarelo ouro
Roupa: amarelo ouro
Sacrifício: cabra e galinha e pomba
Oferendas: milho branco, xinxim de galinha, ovos, peixes de água doce


LENDAS

Logo que todos os Orixás chegaram a terra, organizavam reuniões das quais mulheres não podiam participar. Oxum, revoltada por não poder participar das reuniões e das deliberações, resolve mostrar seu poder e sua importância tornando estéreis todas às mulheres, secando as fontes, tornando assim a terra improdutiva.
Olodumare foi procurado pelos Orixás que lhe explicaram que tudo ia mal a terra, apesar de tudo que faziam e deliberavam nas reuniões. Olodumare perguntou a eles se Oxum participava das reuniões, foi quando os Orixás lhe disseram que não. Explicou-lhes então, que sem a presença de Oxum e do seu poder sobre a fecundidade, nada iria dar certo.
Os Orixás convidaram Oxum para participar de seus trabalhos e reuniões, e depois de muita insistência, Oxum resolve aceitar. Imediatamente as mulheres tornaram-se fecundas e todos os empreendimentos e projetos obtiveram resultados positivos. Oxum é chamada Ialodê (Iyáláòde), título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre as mulheres da cidade.

OXUM

Nome de um rio na Nigéria, em Ijexá e Ijebú. Segunda mulher de Xangô, deusa do ouro, riqueza e do amor. A Oxum pertence o ventre da mulher e ao mesmo tempo controla a fecundidade, por isso as crianças lhe pertencem. Dona dos rios e cachoeiras gosta de usar colares, jóias, tudo relacionado à vaidade, perfumes, etc.

O ARQUÉTIPO DE OXUM

As pessoas de Oxum são vaidosas, elegantes, sensuais, adoram perfumes, jóias caras, roupas bonitas, tudo que se relaciona com a beleza. Gostam de chamar a atenção do sexo oposto. São boas donas de casa e companheiras, despertam ciúmes nas mulheres e se envolvem em intrigas.
Oxum
é destemida diante das dificuldades enfrentadas pelos seus. Ela usa sua sensualidade para salvar sua comunidade da morte. Dança com seus lenços e o mel, seduzindo Ogum até que ele volte a produzir os instrumentos para a agricultura.
Assim a cidade fica livre da fome e miséria. Oxum enfrenta o perigo quando Olodumare, Deus supremo, ofendido pela rebeldia dos orixás, prende a chuva no orum (Céu), deixando que a seca e a fome se abatam sobre o aiê (a Terra). Transformada em pavão, Oxum voa até o deus maior, para suplicar ajuda.
Mesmo tornando-se abutre pelo calor do sol, que queima-lhe, enegrecendo as penas, ela alcança a casa de Olodumare. Indignada por se perceber excluída da reunião de orixás masculinos, Oxum torna estéreis todas as mulheres até que ela seja convidada para o encontro.
Uma demonstração de que com ela é assim: bateu, levou. Não tolera o que considera injusto e adora uma pirraça. Da beleza à destreza, da fragilidade à força, com toque feminino de bondade, é assim o jeito dessa deusa-heroína. Sensível à condição de fraqueza, Oxum se dispõe a aliviar o sofrimento alheio.
Assim ela o faz quando Oxalá tem seu cajado jogado ao mar e a perna ferida por Iansã. Oxum vem para ajudar o velho, curando-o e recuperando seu pertence. Ela é adorada por Oxalá. A deusa do amor parte com um ebó até Olodumare, para que não haja mais seca na Terra. No caminho ela não hesita em repartir os ingredientes da oferenda com o velho Obatalá e as crianças que encontra, e mesmo assim alcança seu objetivo pela comoção de Olodumare.
Com grande compaixão, Oxum intercede junto a Olodumare para que ele ressuscite Obaluaiê, em troca do doce mel da bela orixá. E ela garante a vida alheia também ao acolher a princesa Ala, grávida, jogada ao rio por seu pai. Oxum cuida da recém-nascida, a querida Oiá.
Com suas jóias, espelhos e roupas finas, Oxum satisfaz seu gosto pelo luxo. Ambiciosa, ela é capaz de geniais estratagemas para conseguir êxito na vida. Vai à frente da casa de Oxalá e lá começa a fazer escândalo, caluniando-o aos berros, até receber dele a fortuna desejada para então calar-se. E assim Oxum torna-se "senhora de tanta riqueza como nenhuma outra Yabá (Orixá feminino) jamais o fora”.



A vontade de conhecer os segredos do destino faz com que Oxum, esperta que é, coloque seu poder de atração sexual em acordos para esse fim. Ela é especialista no toma-lá-dá-cá. É desse modo que aprende a arte da adivinhação com Exu, e as roupas de Obatalá, e as vestes do "Senhor do Pano Branco" pelo segredo do Ifá.
Assim Oxum se torna senhora do jogo de búzios. Beleza, agilidade e astúcia são ingredientes do sucesso deste orixá. No amor Oxum é ardorosa, de tão formosa e quente que é. Oxum luta para conquistar o amor de Xangô e quando o consegue é capaz de gastar toda sua riqueza para manter seu amado.
Ela livra seu querido Oxossi do perigo e entrega-lhe riqueza e poder para que se torne Alaketu, o rei da cidade de Keto. Oxum provoca disputa acirrada entre dois irmãos por seu amor: Xangô e Ogum, ambos os guerreiros famosos e poderosos, o tipo preferido por ela. Xangô é seu marido, mas independente disso, se um dos dois irmãos não a trata bem, o outro se sente no direito de intervir e conquistá-la.
Afinal Oxum quer ser amada e todos sabem que ela deve ser tratada como uma rainha, ou seja, com roupas finas, jóias e boa comida, tudo a seu gosto. A beleza é o maior trunfo do orixá do amor. Como esposa de Xangô, ao lado de Obá e Oiá, Oxum é a preferida e está sempre atenta para manter-se a mais amada.
Ela adora enganar Obá. Oxum induz Obá a cortar a própria orelha para cozinhar e servir para Xangô, dizendo ser o prato preferido do marido, que na verdade fica enojado e enfurecido. Ela também engana Eleguá que, a serviço de Obá para fazer um sacrifício, corta erradamente o rabo do cavalo de Xangô. Outra vez Obá queria agradar seu marido, mas acaba odiada por ele.
Oxum definitivamente quer o fracasso de quem considera rival. Foi de Oxum a delicada missão dada por Olodumare de religar o orum (o céu) ao aiê (a terra) quando da separação destes pela displicência dos homens. Tamanho foi o aborrecimento dos orixás em não poder mais conviver com os humanos que Oxum veio ao aiê (a terra) prepará-los para receber os deuses em seus corpos.
Juntou as mulheres, banhou-as com ervas, raspou e adornou suas cabeças com pena de ecodidé (pena de um pássaro sabrado), enfeitou seus colos com fios de contas coloridas, seus pulsos com ides (pulseiras), enfim as fez belas e prontas para receberem os orixás. E eles vieram. Dançaram e dançaram ao som dos atabaques e xequerês.
Para alegria dos orixás e dos humanos estava inventado o Candomblé. Os mitos da Oxum mostram o quão múltipla é sua personalidade. (Prandi, 1997).

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A História de Xangô

Na África sob seu aspecto, histórica e divina. Xangô teria sido o terceiro Álááfin Óyó – Rei de Oyó – filho de Oraniann e Torosi, a filha de Elempe, rei dos Tapás, que havia firmado uma aliança com Oranian. Xangô cresceu no pais de sua mãe, indo instalar-se mais tarde, em Kóso (Kossô), onde os habitantes não o aceitaram pelo seu caráter violento e imperioso, mas ele conseguiu, finalmente impor-se por sua força. Em seguida acompanhado pelo seu povo, dirigiu-se para Oyó, onde estabeleceu um bairro que recebeu o nome de Kossô, conservou assim seu titulo de Obá Kóso que com o passar do tempo veio a fazer parte de seus oríki.
Xangô no seu aspecto divino permanece filho de Oranian divinizado, porém tendo Yamase como mãe e três divindades como esposa: Oyá, Oxum e Obá.
Xangô é o irmão mais jovem, não somente de Dadá-Ajaká como também de Abaluaiyé. Entretanto ao que parece não são os vínculos de parentesco que permitem explicar a ligação entre ambos, mas sua origem comum em Tapá, lugar onde Abaluaiyé seria mais antigo que Xangô e por diferencia para com o mais velho, em certas cidades com Saketé e Ifanhim são sempre feitas oferendas a Abaluaiyé na véspera da celebração das cerimonias para Xangô.
Xangô é viril e atrevido, violento e justiceiro, castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Por esse motivo, a morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de Xangô. O seu proprietário deve pagar pesadas multas aos sacerdotes do orixá que vêm procurar nos escombros os Édúm ára (pedra de raio) lançados por Xangô e profundamente enterrados no local onde o solo foi atingido.
Esses Édúm ára (na realidade, machado neolíticos) são colocados sobre um pilão de madeira esculpida (Odó), consagrado a Xangô. Tais pedras são consideradas emanações de Xangô e contém o seu áse (axé), o seu poder.
Esse axé parece ser a estilização de um personagem carregando o fogo sobre a cabeça, este fogo é ao mesmo tempo o duplo machado e lembra de certa forma cerimônia chamada ajere, na qual se iniciados de Xangô devem carregar na cabeça uma vasilha cheia de furos.
Os adeptos de Xangô em cerimônia seguram nas mãos o Xere, um instrumento musical utilizado apenas por ele (desde que autorizado) feito de cabaça alongada e contendo no seu interior pequenos grãos que convenientemente sacudido imita o ruído da chuva.
No Recife seu nome serve mesmo para designar o conjunto de cultos africanos.
Suas cores são o vermelho e branco (marrom e bege o mais velho) e sua saudação é:
Kawó Kabiyesilé! Traduzindo Venha ver o Rei descer sobre a terra.
Em sua dança, o Alujá, Xangô brande orgulhosamente seu Axé.
QUALIDADES
1)      Dada                                 6) Jakuta
2)      Afonjá                              7) Aganju
3)      Lubé                                 8) Baru
4)      Ogodo                              9) Oloroke
5)      Koso                               10) Airá Intile
Xangô Airá (agoynham) Afonjá, Aganju, Agodo, Baru, Alafim.
Alguns constam ainda Oriniam, que seria seu pai, Dada seu irmão, Aganju um dos seus sucessores, Ogodo que segura dois Oxés, sendo o seu édun árá composto de dois gumes e é originário de tapa. Os Airá seriam muitos velhos sempre vestidos de branco e usando segi (contas azuis) em lugar de coraes vermelhos e seriam originário da região de Savé, Xangô em seu avatar Ayrá é a força representada pelo som do Trovão e no avatar Aganju e a terra firme. É um orixá que representa o poder em todas as suas dimensões, da riqueza, da saudação, da justiça, da força física, da inteligência. É irmão de ogum por parte de mãe e também de Oxossi, sendo um filho mais caseiro e próximo de Iemanjá.
Característica do filho de Xangô
O arquétipo de Xangô é aquele das pessoas voluntariosas e enérgica, altiva e concientes de sua importância real ou suposta. Das pessoas que podem ser de grandes senhores, corteses, mas que não toleram a menor contradição, e, nesses casos, deixam-se possuir por crises de cólera, violentas e incontroláveis. Das pessoas sensíveis ao charme do sexo aposto e que se conduzem com tato e encanto no decurso das reuniões sócias, mas que podem perder o controle e ultrapassar os limites da decência. Emfim. O arquétipo de Xangô e aquele das pessoas que possuem um elevado sentido de sua própria dignidade e das suas obrigações, o que leva a se comportarem com misto de severidade e benevolência, segundo o humor do momento, mas sabendo guardar, geralmente, um profundo e constante sentimento de justiça.
Os filhos de Xangô são sempre ouvidos em certas ocasiões por gente mais importante que eles e até mesmo quando não são considerado especialista no assunto ou de fato capacitado para emitir opinião, a postura pouco nobre dos filhos de Xangô e seu cultivo de hábitos considerados aristocráticos ou pouco burgueses e resultado dessa configuração psicológica.
Em síntese o arquétipo associado a Xangô esta próximo do déspota esclarecido, aquele que tem o poder, exerce-o inflexivelmente, não admite duvidas em relação a seu direito de dete-lo, mas julga a todos segundo um conceito estrito e sólido de valores claros e pouco discutíveis. E variável no humor, mas incapaz de conscientemente cometer uma injustiça, fazer escolha movido por paixões, interesses ou amizades.
Xangô e o rixa julgador, destruidor, inteligente, impulsivo, violento. Representa o poder transformador do fogo e o padroeiro dos intelectuais e artistas.    
O ossé de Xangô e realizado na quarta-feira e entre os seus objetos estão uma gamela de madeira colocada sobre um pilão, onde esta o Óta, a pedra que contem seu axé, moedas de cobre e seus segredos.

XangôDeus do fogo e do trovão. Diz à tradição que foi rei de Oyó, cidade da Nigéria. É viril, violento e justiceiro. Castiga os mentirosos e protege advogados e juízes.

Elemento:
fogo
Personalidade: atrevido e prepotente
Símbolo: machado duplo (oxé)
Dia da semana: quarta-feira
Colar: branco e vermelho
Roupa: branca e vermelha, com coroa de latão
Sacrifício: galo, pato, carneiro e cágado
Oferendas: amalá (quiabo com camarão seco e dendê).
    
 

Odudua, um guerreiro que vinha de uma cidade do Leste, invadiu com seu exército a capital do povo chamado Ifé. Esta cidade depois se chamou Ifé, quando Odudua se tornou seu governante.
Odudua tinha um filho chamado Acambi e Acambi teve sete filhos e seus filhos ou netos foram reis de cidades importantes. A primeira filha deu-lhe um neto que governou Egbá, a segunda foi mãe do Alaketu, o rei de Keto, o terceiro filho foi coroado rei da cidade de Benim, o quarto foi Orungã, que veio a ser rei de Ilê Ifé, o quinto filho foi soberano de Xabes, o sexto, rei de Popôs, e o sétimo foi Oraniã, que foi rei de Oyó.
Esses príncipes eram vassalos do rei de Ilê Ifé, que então se transformou no centro de um grande império, cujo nome era Oyó. Odudua era o grande rei de Oyó. Ele unificou as mais importantes cidades daquela região, mais tarde conhecida como sendo a terra dos Iorubas. Em cada cidade ele pôs no trono um parente seu.
Ele foi o grande soberano dos reinos Iorubas. Ele foi chamado o primeiro Alafim, o rei de Oyó. Quando Odudua morreu, os príncipes fizeram a partilha dos bens do rei entre si e Acambi ficou como regente do império até sua morte, nunca tendo sido, contudo, coroado rei do império. Nunca lhe foi atribuído o título de Alafim.
Com a morte de Acambi, foi feito rei Oraniã, o mais jovem dos príncipes do império, que tinha se tornado um homem rico e poderoso. A ancestral Ilê Ifé era a capital dessa vasta região conhecida como Oyó. O Alafim Oraniã foi um grande conquistador e solidificou o poderio de Oyó.
Um dia Oraniã levou seus exércitos para combater o povo que habitava uma região a leste de seu império. Era uma guerra muito difícil, mas, antes de ganhar a guerra, o oráculo o aconselhou a estacionar com os seus homens, pois ali ele haveria de muito prosperar. Assim foi feito e aquele acampamento a leste de Ilê Ifé tornou-se uma cidade poderosa.
Essa próspera povoação foi chamada cidade de Oyó e veio a ser a grande capital do império fundado por Odudua. Com a morte de Oraniã, seu filho Ajacá foi coroado terceiro Alafim de Oyó. Ajacá, que tinha o apelido de Dadá por causa de seu cabelo encaracolado, era um homem pacato e sensível, com pouca habilidade e nenhum tino para governar.
Dadá-Ajacá tinha um irmão que fora criado na terra dos nupes, um povo vizinho dos Iorubas, filho de Oraniã com a princesa Iamassê, embora haja quem diga que a mãe dele foi Torossi, filha de Elempê, o rei dos nupes, também chamados tapas. Esse filho de Oraniã era Xangô, grande guerreiro, que fundara uma pequena cidade chamada Cossô, nas cercanias da capital Oyó.
Xangô, que era o rei de Cossô, uma cidade tributária de Oyó, um dia destronou o irmão Ajacá-Dadá, e o exilou como rei de uma pequena cidade, onde usava uma pequena coroa de búzios, chamada coroa de Baiani. Xangô foi assim coroado o quarto Alafim de Oyó, governando o império de Odudua e Oraniã por sete anos.
Quando Xangô morreu, e dizem que foram obrigados a se enforcar num momento de crise de seu império, seus ministros procuraram seu corpo e não encontraram. Compreenderam então que ele tinha entrado para o Orum e instituíram seu culto. Xangô havia se transformado em Orixá.  
                                             
KAÔ KABECILE